Educação Adventista em Cabo Verde, um desafio a aceitar!
A educação é uma das mais nobres tarefas dadas (por Deus) ao Homem. A obra de educar equivale a da redenção, realizada por Cristo em nosso favor. A filosofia da educação adventista é cristocêntrica e o objetivo é restaurar os seres humanos à imagem d...
A educação é uma das mais nobres tarefas dadas (por Deus) ao Homem. A obra de educar equivale a da redenção, realizada por Cristo em nosso favor. A filosofia da educação adventista é cristocêntrica e o objetivo é restaurar os seres humanos à imagem do seu Criador (White, s/d: 15,16).
A Igreja Adventista do Sétimo Dia, como instituição cristã, desde os seus primórdios, assumiu a obra educativa como um dos seus pilares básicos. Em 1872 foi criada a primeira escola adventista, em Battle Creek, Michigan, Estados Unidos (Knight, 2015: 4). Desde então, a educação adventista à volta do mundo, tem crescido de forma extraordinária. A IASD - Igreja Adventista do Sétimo Dia -, que gere o maior sistema de educação integrado do mundo, está presente em mais de 150 países, com 7.442 instituições, 80.883 professores e mais de 1,5 milhão de estudantes (IASD, s/d., para.1,15).
Em Cabo Verde, a obra educativa adventista existe desde os anos 40 do século passado e teve como precursor o pastor Francisco Cordas, quando as ilhas eram colónias de Portugal. Os alvarás das primeiras escolas no país são respetivamente as seguintes: Brava (entre 1944 a 1946), Santiago - Praia (1950/51?), São Vicente em 1954 e ilha do Fogo em 1955 (Cf. Ferreira 2008:227, 379, 380; Morgado, s/d:2; Monteiro, 2012: 70, 75, 77, 128, 130, 135,155). Eram escolas tipo paroquiais, com poucas condições e que funcionavam em espaços contíguos às igrejas (Monteiro, 2012:80).
Após a independência nacional (1975) foi difícil continuar o projeto educativo adventista no arquipélago. Em 1984 era criado o Jardim Nosso Amiguinho em S.Vicente – que funciona até hoje. O ensino básico, entre altos e baixos conseguiu sobreviver até ao ano letivo 2000/2001 (Monteiro, 2012:81). As escolas da Brava, do Fogo e da Praia foram fechadas. Na ilha do vulcão (Fogo), ainda funcionou um pequeno jardim de infância, mas por falta de condições de espaço acabou por ser fechada há cerca de 5 anos (Pereira, 2019). No ano de 2016, depois de uma luta, travada em várias frentes (dentro e fora da Igreja), conseguiu-se reabrir o ensino básico em S.Vicente. No ano letivo 2018/19, a Escola Adventista Pr. Francisco Cordas – nome que oficialmente recebeu – funcionou com três turmas (1º, 2º e 3º anos). Com a transição dos alunos para a classe seguinte e a abertura de mais uma turma do 1º ano, haverá 4 turmas a funcionar, em um espaço cada vez mais exíguo (Jardim Nosso Amiguinho/Escola Adventista Pr. Francisco Cordas, 2019).
Por outro lado, na Praia, só nos inícios dos anos 90, o ensino adventista reganha um novo fôlego, com a criação do Jardim Flores da Suiça. No ano letivo 2014/2015 foi (re) aberto o ensino básico. Hoje são 481 alunos, com turmas do 1º ao 8º anos do ensino básico obrigatório (Pereira, 2019). Na ilha do Sal, funciona desde o ano letivo 2017/2018 o Jardim Bethel e as pretensões são a criação de uma escola básica (Dias, 2019).
Ainda que não completamente integradas no sistema de educação global adventista, as escolas adventistas no país são definitivamente uma grande vantagem para os nossos filhos e para as crianças em geral, principalmente para aquelas que estão em tenra idade. Efetivamente, a Igreja como instituição, os seus pioneiros e a própria pedagogia moderna admitem que a educação não se resume apenas ao momento formal de partilha de conhecimentos que acontece dentro do espaço escolar. Este é muito abrangente, deve atingir as mais diferentes facetas do indivíduo e é particularmente importante na idade mais infantil. Como escreveu Ellen White, “a verdadeira educação significa mais do que um curso de estudo. É vasta. Inclui o desenvolvimento harmónico de todas as aptidões físicas e mentais e ensina o amor e o temor de Deus, sendo o preparo para o fiel desempenho dos deveres da vida” (White, s/d: 309).
Todavia, quisemos ressaltar, a importância advinda da educação formal e que acontece em nossas instituições. Por volta do ano 1873, Tiago White defendia que as escolas da igreja deveriam preparar “os jovens para se tornarem tipógrafos, editores e professores” e que estes deveriam aprender “línguas vivas”, para que estivessem preparados para proclamar a mensagem dos três anjos (Knight, 2015:4). Os mandamentos básicos da religião cristã, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, são uma forma de ajudar a criar cidadãos moralmente conscientes, capazes e úteis para esta vida e para a eternidade.
Este artigo surge como um apelo aos pais, encarregados de educação e a membresia em geral a que apoie e acredite na educação adventista em Cabo Verde. Por serem escolas novas, é natural que ainda não tenham todas as condições desejáveis, mas certamente têm as básicas para funcionarem – se não tivessem, não teriam sido aprovadas pelas instituições oficiais do Estado, responsáveis pela área da Educação.
Admito que nós, os adventistas, precisamos desenvolver mais e melhor a confiança, a fé de Abraão, como a de uma criança, de um bebé que confia plenamente nos pais, a singela certeza de avançar, acreditar e apoiar o desenvolvimento da educação adventista no país.
O Pr. Francisco Cordas disse, há cerca de 80 anos, que o desenvolvimento da IASD em Cabo Verde passaria necessariamente pela obra educativa. E até agora não se conseguiu provar que ele estivesse errado. Exemplo: nenhuma igreja no país tem tantos membros como a escola adventista do Palmarejo!
Apoiemos a educação adventista em Cabo Verde.
No ano letivo que se avizinha e nos vindouros, matriculemos os nossos filhos nas escolas adventistas, influenciemos aqueles com quem mais de perto nos relacionamos a participarem neste projeto que tem futuro, pois foi pensado por Aquele que nunca falha – Deus!
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Escrito por Karl Marx Monteiro - Professor