Biografia de Sebastião Da Silveira

Sebastião Inácio da Silveira, filho de António Inácio Silveira e de Angélica Monteiro, nasceu no dia 20 de Janeiro de 1929, na zona de Piquinho, freguesia de Nª Srª da Conceição, hoje Concelho de São Filipe, na Ilha do Fogo. Aos três anos de idade fa...


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Sebastião Inácio da Silveira, filho de António Inácio Silveira e de Angélica Monteiro, nasceu no dia 20 de Janeiro de 1929, na zona de Piquinho, freguesia de Nª Srª da Conceição, hoje Concelho de São Filipe, na Ilha do Fogo. Aos três anos de idade faleceu-lhe o pai, passando a ficar sob os cuidados de sua mãe e duas tias.

Em 1938, com nove anos de idade, Sebastião da Silveira teve o seu primeiro contacto com o Evangelho de Jesus Cristo; isto ocorreu quando duas jovens moças teriam ido visitar a Dª. Cândida, oriunda da ilha da Brava. Elas passaram algum tempo debaixo de um arbusto de Azedinha entoando hinos de louvor a Deus; aqueles cativantes hinos de louvor foram tão bem entoados que ficaram na sua memória.

Certo dia, ao pôr-do-sol, Sebastião regressava da pastagem do rebanho da família, ao passar pela porta de uma loja, ele surpreendeu-se por ter visto lá dentro a sua tia Maria Socorro Barbosa, que recebia estudos bíblicos sobre o Sábado, como dia bíblico de descanso; o instrutor era o Sr. António Monteiro Júnior. Enquanto caminhava em direção à casa, ele se questionava acerca do assunto que acabara de ouvir; de imediato, aquilo despertou-lhe grande interesse, a ponto de seriamente desejar estudar o assunto.

Foi nessa altura que ele inscreveu-se para fazer um curso bíblico por correspondência vindo do Brasil. Depois de vários estudos, ele chegou à conclusão que o Sábado do sétimo dia correspondia ao dia de repouso bíblico.

O tempo passava até que ele completou vinte anos de idade; ele decidiu visitar a congregação da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Curral Grande, juntamente com um primo. Ele apreciou tanto a mensagem bíblica que fora esplanada naquele dia e decidiu permanecer na igreja; infelizmente, o primo não conseguiu suportar as provas da vida e preferiu desistir do caminho.

Um ano depois, com o toque do poder do Espírito Santo, Sebastião Silveira decidiu entregar a sua vida a Jesus Cristo; no dia 30 Abril de 1950 uma cerimónia batismal foi organizada pelo então Pastor Francisco Cordas, na praia do Vale dos Cavaleiros. Naquele dia Sebastião da Silveira nasceu de novo e logo fez-se missionário ao serviço do Deus vivo. Sebastião da Silveira tinha como seus companheiros Raúl Gonçalves e António Monteiro; juntos, espalhavam a semente do Evangelho nas zonas de Ribeira do Ilhéu e Salto, na ilha do Fogo. Todas as Sextas-feiras eles percorriam vários quilómetros a pé, cerca de 4 horas de caminho para ir até Ribeira do Ilhéu. Quando lá chegavam, organizavam o grupo que lá estava à espera que chegassem, para realizar o culto ao pôr-do-sol de sexta-feira bem como a Escola Sabatina no sábado de manhã, com a família Lobo Gomes. Naquela época o programa de sábado de manhã consistia apenas em organizar a Escola Sabatina que acontecia na casa do Sr. José e Amélia Lobo Gomes – a primeira família que abraçara o Evangelho de Jesus Cristo, por eles divulgado naquela região.

Concluída a programação da Escola Sabatina regressavam à casa. À tarde, eles percorriam cerca de quatro horas a pé para regressar à casa, na zona de Salto. Eles regressavam alegres e satisfeitos, com o desejo de partilhar o testemunho que haviam tido no trabalho missionário. A família do irmão David Cardoso recebeu a mensagem com alegria; imbuídos de grande júbilo de salvação, abriram as portas da casa para receberem estudos bíblicos.

Incansavelmente, eles trabalhavam na seara do Senhor. Apesar de constrangimentos que enfrentavam devido à precária liberdade que tinham para falar livremente acerca do amor de Jesus Cristo, a Verdade só triunfava e consequentemente eles colhiam muitos frutos. Eles avançavam, sem timidez, indo de casa em casa pregando o amor de Jesus Cristo a todas as famílias que abriam os seus corações para receber a mensagem da salvação em Cristo Jesus. Através de famílias que aceitavam a mensagem o evangelho, eles avançavam e logravam êxito em espalhar a mensagem de Boas Novas da salvação na ilha do Fogo.

Devido à escassez de alimento causada essencialmente pela falta de chuvas abundantes, Sebastião da Silveira foi praticamente obrigado a emigrar à Cidade da Praia em busca de melhores condições de vida. Ele aventurou-se para São Tome e Príncipe; ali, ele exerceu as funções de pedreiro até adquirir uma pequena fortuna que permitiu-lhe retornar à Cabo Verde e abrir a sua própria oficina de sapataria em Ponta Belém, no Plateau. Ali ele trabalhou durante trinta e sete anos.

Para além de prestar um bom serviço aos seus clientes, ele partilhava com eles o amor de Cristo, levando-os a entender que Jesus Cristo era e é a solução para todos os nossos problemas.

Às quinze horas e trinta minutos do dia sete do mês de Julho do ano de mil novecentos e sessenta e cinco, Sebastião Inácio da Silveira, contraiu na então Comarca de Sotavento, o seu primeiro e único casamento com a noiva Maria José Monteiro Barbosa, de vinte e nove anos de idade. A noiva adoptou o apelido do noivo, passando a se chamar Maria José Monteiro Barbosa da Silveira.

Silveira frequentou a congregação da Igreja Adventista no Plateau onde desempenhou várias funções.  Ele foi um dos primeiros Anciãos desta congregação. Houve tempo em que a congregação ficou sem pastor, devido à ida e vinda de missionários estrangeiros. Naqueles longos momentos era ele quem dirigia, com a orientação divina, a igreja na Cidade da Praia.

O seu maior prazer era evangelizar e ganhar almas para Cristo. A verdade é que bem cedo ele aprendeu a obedecer à ordem de Deus, a grande comissão descrita em Mateus 28: 19 e 20 “Portanto ide fazei discípulos de todas as nações...”

Com fervor, ele saia para novos desafios da missão evangelizadora como, por exemplo, Salina em Santiago e Ribeira da Barca em Assomada, levando a mensagem de esperança às pessoas que encontrasse. Muitos ouviam e aceitavam a mensagem da salvação.

Ele esteve emigrado algum tempo nos Estados Unidos da América, onde residem outros filhos seus. Foi já na sua vida avançada que ele ficou na congregação da igreja em Achadinha por ficar mais próxima da sua zona de residência.

Aos noventa anos de idade, ele reconhece o cuidado de Deus em sua vida. Foram setenta anos de uma verdadeira amizade com a Seara do SENHOR, o Deus vivo e Poderoso. Sebastião Silveira deixa assim a esposa, Maria Silveira. Foi pai de sete filhos, avô de nove netos e bisavô de dois bisnetos. “Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem de suas lutas e trabalhos, porquanto as suas obras os acompanham!” (Apocalipse 14:13).

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Texto: Contribuição da Ir.a Leonor Rodrigues, Secretária da Igreja no Plateau, da Ir.a Lúcia da Lomba de Pina Almeida, Secretária da Igreja em Achadinha e do Pastor Armindo Género, Secretário da AIASD-CV, que juntos trabalharam na recolha dos dados apresentados.